terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O sonho de estudar em uma Universidade Pública




Semana passada esteve aqui na UEMS a mãe de uma candidata se dizendo inconformada com o sistema de ensino no nosso país. Ela não acha justo que alguém que tenha condições financeiras de pagar uma escola particular, ao ingressar no ensino superior “tome a vaga dos nossos filhos que sempre estudaram em escola pública”. É lógico que a mãe não fez seu protesto usando tais palavras, ela estava inconformada e usava termos que denotavam certa ignorância mas que, acima de tudo, condizem muito com a reação situação da nossa educação. É certo que injusto seria também consideramos o fato de que o candidato que sempre teve as melhores escolas não pudesse concorrer com os demais uma vaga na Universidade Público. O problema não está no sentido do que é justo, ou do que é direito de um e não de outro. Mas a decepção da mãe, que repetia sem parar “Minha filha sempre foi ótima de nota, os professores sempre a elogiaram, não é justo que só porque ela não fez o Enem, alguém de escola particular venha aqui e tome a vaga dela. Ela passou em vários outros vestibulares fora daqui, mas não são cursos que ela quer fazer, se for depender da minha filha fazer o que ela quer, ela vai morrer sem estudar...” Esse tipo de reação não é incomum todo ano aqui na porta da Universidade, também nos chama a atenção para diversos questionamentos. Numa primeira interpretação, a gente tomaria o discurso da mãe como de extrema ignorância; eu deixei ela falar até se dar por convencida, até porque ela queria mais desabafar do que me convencer de suas idéias e o desabafo muitas vezes ajuda. Fiquei pensando seriamente depois disso o quanto muitas vezes não valorizamos os espaços que conquistamos, por mais modestos que sejam estes espaços. Estamos sempre olhando para dentro da UEMS e esquecemos muitas vezes de olhar para fora dela. Fora dela certamente existem instituições bem melhores, mas fora também tem milhares de jovens, recém saídos do Ensino Médio ávidos por fazer parte do mundo acadêmico, fazer parte desta conquista. Perguntei-me o que cada um de nós faz para oportunizar ao outro o ingresso numa Universidade Pública. Pensei ainda nos motivos – justos ou injustos – que levam muitos a abandonarem os cursos. O abandono informal (sem proceder no cancelamento da matrícula) muitas vezes acaba dificultando que muitos entrem aqui e tomem o lugar que abdicamos. Repito: não quero que se sintam pressionados e nem julgar os motivos que levam alguns a desistirem ou a segurarem uma vaga que não está sendo bem aproveitada, creio que cada um tem seus problemas pessoais que acabam repercutindo inclusive na vida acadêmica, mas não posso deixar de chamar a atenção, até pela responsabilidade que o Centro Acadêmico tem assumido em lutar pela qualidade do ensino, pelo aumento e bom aproveitamento das vagas na Universidade, para a nossa devida conscientização e dever de se oportunizar que muitos outros tenham a mesma oportunidade que tivemos um dia.


por: Junior Tomaz (Diretor de Comunicação Social - CAD UEMS)

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